Entre uma coisa e outra, o melhor é o Entre


Olá querido Leitor!
Que prazer falar contigo novamente. E quando digo prazer... bom entenda como quiser.

Faz tempo que nao posto nada aqui. E era esse o assunto ontem a noite com minha amiga e escritora Guaraparida, Tamara Ramos. (lamento pelo Guaraparida Tamara, mas só o Silvio Santos saberia dizer "Quem mora em Guarapari é...???")
- Talvez o correto seja Guarapariana, que me lembra Tangamandápio, enfim, referencias do Chaves a parte, prossigamos:

Conversamos no facebook, (que matou o orkut, enterrou e mijou em cima) e me lembrei que meu blog esteve abandonado nos ultimos tempos. No meu ultimo post, - este logo abaixo - eu ainda era solteiro e no anterior a ele eu ainda tentava fazer as pessoas virarem vegetarianas.
Bom, duas coisas mudaram.
Nao tenho mais energia pra discutir moralidade alimentícia (isso mesmo, mo-ra-li-da-de alimentí-ci-a) e quem quer comer carne coma e quem nao quer continue nao querendo. Comecei a entender que mudar o outro, mesmo que seja melhor para ele ou para o mundo, para essa ou para a outra vida, é muuuuuuuito exaustivo e as vezes - na maioria das vezes - inutil. No entanto, estou sempre aberto a explicar porque acredito no que acredito (nao apenas com relaçao a moralidade alimentícia, mas tambem sobre qualquer principio) e só me presto a fazer isso por verdadeiros amigos, portanto nao me ache impertinente quando eu olhar feio para seu prato ou te fizer assistir filmes horriveis sobre abatedouros e hamburgueres, apenas saiba que te amo.

A segunda coisa que mudou (Thank God!) e assim voltamos para a conversa com a Guaraparida, é que encontrei alguem para compartilhar a minha vida (Oh Lord!!). Seu nome é Juliana. Nos conhecemos e nos apaixonamos e na verdade nao sei realmente como.
O estranho do fato que a vida real seja diferente dos filmes é que, no fundo, nós queremos os filmes. Queremos aquelas cenas e aqueles conflitos e aquelas frases.... é tudo filme. Viver é vida, nao filme. Só posso dizer que a historia da nossa vida é muito mais angustiante e ampla que a dos personagens, no entanto, muuuuito mais compensadora.

Ontem Tamara e eu, conversando pelo face, chegamos a conclusao que quando "SOBRA FELICIDADE.. FALTA INSPIRAÇAO" - que é o titulo do post que está no seu blog atualmente. Confira esta historia toda no Blog inquieto e ardente de Tamara Ramos:


A bem da verdade ela tem razao em pensar que quando estamos felizes escrevemos e criamos pouco, afinal de contas nosso desafio é buscar o conforto e quando o encontramos lá ficamos. Mas será que o inverso é aplicavel? Será que somente na miseria sentimental ou racional é que desenvolvemos aquele ultimo fôlego de criatividade util e nao futil?
Penso nos artistas que ela citou e nos meus artistas favoritos e todos sao ou foram inquietos, angustiados e até desesperados.
Mas entao penso outra coisa. Penso que nao faz sentido para nenhum papel que representamos na vida sermos plenamente infelizes ou miseráveis apenas para manter a criatividade viva. tal qual Sherlock Holmes injetando drogas para superar o tédio da previsibilidade da vida. Penso que o artista precisa experimentar tudo - atraves de sua vivencia e da vivencia alheia - e com este angulo de visao entao o artista, seja qual midia for, DEVE, PRECISA, TEM QUE, mostrar ao mundo como entao a felicidade deveria ser.

Gene Kelly é um dos meus artistas favoritos. Sua vida certamente teve altos e baixos, mas penso que ele deve ter tido muitos momentos plenamente felizes, do contrario nao seria capaz de produzir a cena de maior expressao de felicidade de todos os tempos. Cantando e Dançando na Chuva:


O artista tem uma grande vantagem: sua obra esta organizada e coerente. Por ter começo meio e fim, entao ela tem logica e sentido. E a nossa vida nao. Ela é caotica, desfuncional, desorganizada, porque nao chegamos ainda ao fim da historia da humanidade. Nao temos como concluir; vivemos no esboço existencial.
O Artista pode entao mostrar e resgatar como a justiça deveria se parecer, como o amor deveria se parecer, como a tristeza, o sofrimento, a dor, o brilho, a essencia, a miseria, as idiossincrasias e o respeito deveriam se parecer. E para isso é preciso SEMPRE transitar dos dois lados da vivencia: claro e escuro, dia e noite, amor e odio, tristeza e alegria, um e menos um, outro e o oposto.

Tamara, prometo nao me acomodar na minha, por assim dizer, felicidade, mas prometa que nao vai se acomodar na sua, por assim, dizer infelicidade. 
Experimente a vida. Existencia e essencia.
Passe por essa montanha russa desastrosa e divertida e que em cada nivel, cada sobe e desce, produza frutos.
Viva a CURA. Nao as doenças.

E procure nao comer carne... (OK, PAREI, PAREI...!!!!)

Tenho amigo que me disse: Ok Tarcísio, vc venceu: nao vou comer mais carne; vou comer sempre a mesma quantidade, nem mais e nem menos.

ai.. ai..
Quanto ao mais, amigos, eu, mais ou menos, continuo o mesmo
Presente, presenteando e presenteado

Um beijo
Seu Amigo Tarcísio França


2 comentários:

  1. Bravo, Tarcísio! Está vendo? Um pouco de provocação e você voltou ao normal! É isso mesmo! É claro que não sou uma completa infeliz (se fosse assim já tinha seguido os passos de Anna Karenina), mas realmente nos acomodamos quando tudo está em perfeito equilíbrio. A angústia faz parte do processo artístico. Quando tudo está bem temos a tendência a esquecer todos os problemas do mundo e suas angústias, por isso mesmo fica difícil sentir empatia pelo caos normal do mundo e não conseguimos tocar as pessoas com nossas palavras de borboleta e sol. E lembre-se: nada dura para sempre. A felicidade é um momento que não dura eternamente. Daqui a pouco a roda gira e nos vemos angustiados e esperançosos por mudanças outra vez. Mas quando isso acontecer não fique demasiado triste, fique genial! E produza mais! Adorei o texto. Grande abraço, a Guaraparida.

    ResponderExcluir
  2. Na verdade quem nasce em Guarapari é Guarapariense. Mas como nasci em Santos, sou santista mesmo. :)

    ResponderExcluir