O ATAQUE DA BALOFA-LOCA


       Leitor, eu moro em Vargem Grande Paulista. Azar o meu, eu sei. Minha cidade é uma daquelas em que vc diz as coordenadas e seu GPS faz “Vishhh!”. 
     E eu já me acostumei a ver pessoas esquisitas por aí mas nada me preparou para o que aconteceu nessa tarde.
     Eu estava voltando do meu trabalho (dou aula de teatro) e estava caminhando à pé na calçada. No sentido contrário, mas na mesma calçada estava parada uma distinta... (como posso chamá-la? Se eu ofendê-la logo de cara vc não vai entender o por que) uma distinta balofa parada num ponto de ônibus. Se bem que não era bem um ponto de ônibus porque não tinha uma cobertura ou um mastro, Vargem Grande é assim, se muitas pessoas pararem num mesmo lugar, o ônibus passa a parar ali.
       Bem, ela estava no ponto e eu estava caminhando em direção a ela. Vou descrever como me lembro praque vcs tenham uma pintura da situação. Ela era de fato balofa e não tenho nada contra gordinhas, embora ela não fosse uma gordinha, nesse caso, ela seria duas ou três gordinhas, mas ela foi tão cruel que eu tenho que me referir a ela desse jeito. Além de balofa, o que me chamou atenção enquanto ia em direção a ela era que ela estava paradona com os braços pendurados, moles, a cabeça meio enclinada, os cabelos sem nenhuma vaidade, como se fosse uma daquelas crianças que saíram de um filme de terror, tipo colheita maldita, sei lá. O olhar vago, aquela postura esquisita... e lembro de pensar “Parece alguém que saiu de um filme de terror...” e foi a última coisa que pensei.
      Leitor, essa mulher me deu uma bolsada na cabeça, que vou te falar; do nada! Eu continuei andando e quando passei por ela, ela virou a bolsa que ela segurava bem na minha cabeça. Violência gratuita! Nunca vi essa mulher na vida! Nesse caso, nunca vi mais gorda!
       Minha primeira reação foi me proteger e ficar com aquela cara de “Excuse me?”.
       Dá pra imaginar uma coisa dessas?Não parece com um episódio bizarro de Coragem o Cão Covarde?
       Eu continuei andando e até agora não consigo entender a situação. Ela não era normal, até aí tudo bem. Mas por que eu? Porque estava em movimento? Eu estava atrapalhando enquanto caminhava na calçada com o resto do mundo? Porque, sei lá o que podia estar passando na cabeça dela naquela hora! Ela podia estar querendo congelar o tempo com o poder da mente e aí eu mexi, shes insane!!!
Cara, uma bolsada bem na nuca!
       E tenho certeza que ela saiu de casa já com esse intuito maligno. Porque ainda consigo me lembrar que na bolsa tinha alguma coisa quadrada, da largura de uma caixa de bombom e de mais ou menos uns 700, 800 gramas. Que porcaria é essa? Que mulher carrega alguma coisa assim na bolsa? Eu nem imagino o que seja. Uma cocada? Um queijo minas? Uma rapadura? Mulheres que lêem o Letras Amarelas, me ajudem: o que poderia ter naquela bolsa?

       Eu ainda nem consegui acreditar que isso aconteceu mesmo. Fico lembrando e pensando: Foi mesmo comigo? Porque não é todo dia que somos atacados por uma Balofa-Loca.
        E claro, eu não quis ficar ali pra entender a situação. Ah Tarcísio, - vc pode dizer - você ficou com medo e foi embora... Não! Negativo! Pense comigo, vc está lidando com uma pessoa que gratuitamente dá bolsadas em completos desconhecidos, o que vc vai perguntar pra essa pessoa? “Porque vc fez isso?” e ela responde algo do tipo: “Porque os duendes me disseram.”Aí eu digo que vou chamar a polícia e ela diz que vai chamar os homenzinhos de branco. Eu sei lá. Fui embora dali.

       Mas sabe Leitor, apesar de tudo eu sinto pena da Balofa-Loca. De repente é uma pessoa com problemas. De repente ele teve traumas de infância. Pode ter se entalado no vaso quando criança. Pode ter ouvido coisas terríveis na escola. Moby Dick. Dumbo de Brinco. Yo-Yo de dinossauro.
      Por isso eu me compadeço. Mas ainda assim com a ajuda de Deus. Peço que Deus não permita que eu tenha nada nas minhas mãos caso encontrar com ela de novo. De repente alguém me diz: "Tarcísio segura essa enxada um minuto", e daí eu encontro a Balofa-Loca caminhando como um zumbi na minha direção. Com sua bolsa de conteúdo duvidoso e seu olhar de menina do exorcista. Que Deus me ajude. 
      Deus me ajude ela não estar passando embaixo quando eu estiver descarregando um piano no oitavo andar; Deus me ajude para eu nunca encontrá-la na escada-rolante. Que eu nunca dirija um trator, um avião bombardeiro. Pode ser daqui 10, 15 ou 20 anos, mas eu me lembrarei.
       “Bolsada na cabeça, 2010, cara de mochila, ta lembrada Balofa-Loca???”
        
       Leitor, hoje eu vou ter uma noite de sono difícil. Como dormir sem saber o porque dela ter feito isso comigo? Uma das minhas teorias, e posso estar errado, é que talvez ela não seja louca. Não. Talvez ela apenas tenha me confundido com outra pessoa. Pode ter sido isso. Ainda assim Leitor, eu te pergunto, quem seria capaz de fazer mal a esses caras?



Fora o ataque da Balofa-Loca eu continuo o mesmo:
Vendo os dois pássaros que estavam na mão voando
e alimentando tigres tristes com sucrilhos
Um abraço do Tarcísio

Protejam suas cabeças! Não falem com estranhos, melhor, 
não andem perto de estranhos.
Fique com Deus!
Amém!

( Se leu, comente, é a única maneira de saber que vc leu, ok? )

2 comentários:

  1. ...olha, eu acho que sei o por quê ela te bateu, Tarcísio...qual foi seu último pensamento antes da "bolsada na nuca"?...então, tá na cara, ela já conhece a cara que o sujeito faz quando pensa como você pensou!..só pode! Então você de certa forma mereceu...rsrsrs..Cuidado com o que pensa perto de certas mulheres, hein!

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  2. Ah meu Deus!!! Nem que eu pensasse legendado justificaria ela fazer isso Pri!!!
    Mas tudo bem, vou tomar cuidado, na verdade com TODAS as mulheres. Afinal, além de tudo são unidas.
    RSRSRRS...
    Brigado pelo comentário
    Bjs

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