SAUDADE
Dá saudade? Dá! Do tempo que eu via a pipa voar. Do medo que eu tinha de cair, de nadar, de subir, de errar; daquela vontade de chorar. Dá saudade? Dá! Quando eu, menino, perdia por não saber como ganhar.
Saudades de caçar insetos, criar gafanhotos, montar carrinhos de Lego. Deixar a joaninha andar sobre a mão. Com os pés no chão, correr. Com mãos meladas, lamber. Correr na natureza, tomar suco de groselha. Ah! Que saudade de ter de novo os tantos álbuns de figurinhas. De conversar acanhado com uma garotinha. Pedir uma tesoura emprestada e a turma gritar “É namorado, é namorado!”.
Subir em árvores, fazer o que não pode, rir de bobagens, ter uma moeda da sorte. E nunca ver filme de terror! Que saudade do cobertor quando ele parecia com uma caverna. Saudade do cão-pastor quando tinha o tamanho de uma fera.
Saudade de tocar o fim da cama com os pés pra saber se cresci da noite pro dia. Saudade dos brinquedos embrulhados que papai me trazia. E como o mertiolate ardia! Cada tombo, cada joelho ralado, lá estava a mamãe com band-aid, esparadrapo e um afago.
O último dia na escola, o primeiro aniversário. Lembro como se fosse agora. Que bonito passado! Pra onde vou levo comigo esse menino de ouro.
Gente grande!
Não alcançava o pote de biscoitos, mas no coração é o maior gigante.
Gente grande!
Não alcançava o pote de biscoitos, mas no coração é o maior gigante.
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