Quando abri os meus olhos, ao invés do que queria, tudo que tinha era uma outra poesia.
Quando abri os meus olhos, na multidão das idéias, percebi que tudo tinha haver com ela. Tecendo todo tipo de tentativa e, anoitecendo, anotando o que tinha por dentro.
Quando abri meus olhos não valeu a pena. Envelheceu a sentença. Abriu-se o véu do juízo. Inventei escrever outra cena.
Quando abri os meus olhos as palavras foram embora. Embora nada fosse o que eu pensava e o que eu pensava, pensava noites afora. Entendi que todo o tempo foi tolice desmedida disfarçada de afeto e sentimento. Que a mesmice era veneno e meninice se mentisse desse jeito.
Quando abri os meus olhos ainda pude ver o muro cair. Coisa de quem anda olhando para trás. Quando abri meus olhos foi que vi que então já não dava mais.
Quando abri os meus olhos estava tão descalço que bastasse um passo seria o fim. E quando voltei a andar, se é que o fiz, voltei pelo caminho de sempre: a busca do ser feliz. Entendi tudo isso ao errar escolhas, ao omití-las, e de rasgar as folhas de poesias não escritas.
Quando abri os meus olhos Deus me devolveu a paz. Graças a Ele, quando abri os meus olhos, ainda não era tarde demais. E apesar do peso dos preços, da escola das coisas e da escada da vida, ainda vejo ao longe alguns momentos gloriosos. Tudo isso, por dizer enfim, quando abri os meus olhos.
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